Uma vistoria do Ministério Público Federal (MPF), em conjunto com a Agência Nacional de Mineração (ANM), revelou graves falhas de segurança na barragem Jacaré Superior, usada para contenção de rejeitos de cassiterita no garimpo de Bom Futuro. A estrutura apresenta risco de rompimento, especialmente durante períodos de chuvas intensas.
Principais riscos identificados
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Talude lateral frágil: o ponto vulnerável fica perto de um canal escavado por garimpeiros nos primórdios da exploração mineral, o que pode comprometer a estabilidade da barragem.
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Ameaça em chuvas fortes: as condições climáticas favorecem desmoronamentos, agravando o risco.
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Falta de videomonitoramento: o relatório apontou ausência de sistema de videomonitoramento, mesmo após recomendações anteriores. A falta desse recurso dificulta acompanhamento em tempo real de fissuras ou deslocamentos.
Recomendação técnica
A ANM sugeriu que seja feito um novo desvio do rio próximo da barragem, para reduzir pressão na estrutura e evitar que a água agrave o desgaste do talude. No entanto, essa ação depende de estudos técnicos detalhados e aprovação ambiental antes de ser implementada.
Possíveis impactos se a barragem romper
Se ocorrer um rompimento, as consequências podem ser graves:
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Vazamento de rejeitos líquidos e sólidos que pode contaminar rios, solos, comunidades ribeirinhas e fontes de água usadas para consumo.
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Danos à saúde humana, com risco de infecções ou intoxicações, dependendo da composição dos rejeitos.
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Prejuízos econômicos para famílias que dependem da pesca, da agricultura ou de outras atividades ligadas ao rio e à natureza local.
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Desgaste ambiental de longo prazo, incluindo destruição de ecossistemas aquáticos e perda de biodiversidade.
O que está em jogo
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Barragens Jacaré Superior e Jacaré Inferior, ligadas às cooperativas Coopersanta e Coopermetal, são alvo de inquéritos civis que levantam a segurança dessas estruturas de rejeito da mineração de cassiterita em Bom Futuro.
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A população local encontra-se vulnerável diante da possibilidade de rompimento, sobretudo moradores próximos à estrutura ou em áreas de drenagem natural de águas de chuva.
Reações e próximas etapas
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Até o momento, não há registro público de manifestação oficial das cooperativas responsáveis sobre as recomendações mais recentes.
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Há a necessidade urgente de instalação de sensores e monitoramento constante, comunicação preventiva com residentes da região, planos de evacuação e sistemas de alerta em caso de emergência.
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A aprovação ambiental e os estudos técnicos para o desvio do rio devem ser acompanhados de perto pelas autoridades. A sociedade tem o direito de cobrar transparência e rapidez.
Conclusão
A situação em Bom Futuro, Ariquemes, exige atenção imediata. Fatores estruturais negligenciados, a proximidade com uma antiga escavação clandestina e a falta de equipamentos de monitoramento jogam luz sobre um risco que pode deixar marcas irreversíveis — ambientais, humanas e econômicas. O MPF, a ANM e demais órgãos devem priorizar ações que assegurem a integridade da barragem e a proteção das comunidades locais, antes que seja tarde demais.