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A migração dos Irmãos Rios e Amorim para o coração de Rondônia

A história dos Irmãos Rios e Amorim se entrelaça de forma marcante com a formação social, econômica e humana de Rondônia. Vindos do Ceará, esses migrantes — chamados à época de retirantes e também reconhecidos como soldados da borracha — iniciaram sua jornada rumo ao então Território Federal de Rondônia em 1957. A travessia, longa e desafiadora, não foi apenas geográfica: representou uma migração de sonhos, esperanças e formas de vida, que seriam profundamente transformadas pelo contato com a floresta amazônica.

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À primeira vista, a nova terra parecia distante e imprevisível, mas carregava a promessa de trabalho e recomeço. O ciclo da borracha, embora já não estivesse em seu auge, ainda oferecia oportunidades aos que se dispusessem a enfrentar a rotina intensa dos seringais. Mais tarde, com os incentivos de colonização promovidos pelo governo federal, a região atrairia milhares de brasileiros em busca de novas fronteiras agrícolas. Entre eles estavam os Rios e Amorim — sertanejos de fibra, de fé e de profundo senso de união familiar.

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A chegada ao Território não foi simples. As estradas eram escassas, as ligações entre povoados dependiam de rios e picadas abertas à força de braços. Ainda assim, a família não recuou. A cada dia, erguiam não apenas casas e comércios, mas relações de amizade, de ajuda mútua e de construção compartilhada. A história desses migrantes se confunde, portanto, com o espírito resiliente que moldou a essência do povo rondoniense.

Com o passar dos anos, os Irmãos Rios e Amorim se destacaram pelo olhar empreendedor. Eles perceberam que, para que a cidade crescesse, era preciso oferecer estrutura, abastecimento e serviços que a região ainda não possuía. Assim surgiram marcos importantes para Ji-Paraná: a primeira loja de materiais de construção, essencial para os pioneiros que iniciavam suas moradias; a primeira distribuidora de gás, idealizada por João, Zé Olavo e Ricardo Rios, enquanto outros irmãos se espalhavam por localidades vizinhas, ampliando o alcance das atividades; e a participação ativa na construção dos primeiros prédios do centro, edificações que simbolizariam o início de um novo tempo urbano.

Essas ações, nascidas da necessidade e do trabalho diário, foram determinantes para impulsionar o comércio local e criar as bases do desenvolvimento de um município que hoje figura entre os mais importantes de Rondônia. Os Rios e Amorim não apenas acompanharam esse crescimento — eles o provocaram.

Um capítulo marcante dessa trajetória ocorreu em 1971, quando o seringalista José Milton Rios, figura respeitada, admirada e lembrada com orgulho, após o ciclo da borracha, fundou a Telmar Indústria e Comércio. Dessa iniciativa nasceu o tradicional Café Urupá, considerado a primeira indústria instalada em Ji-Paraná. A fábrica trouxe dinamismo econômico, gerou empregos e projetou o nome da cidade para além das fronteiras do estado. Produzido com grãos selecionados e marcado pelo sabor forte e regional, o Café Urupá se tornou parte do cotidiano das famílias locais, ocupando prateleiras, feiras e mercearias por décadas. Mesmo após a venda da indústria nos anos 1980, sua marca permanece, símbolo do pioneirismo e do espírito inovador dos primeiros colonizadores.

A saga dos Irmãos Rios e Amorim revela mais do que a trajetória de uma família: ela reflete a jornada de milhares de brasileiros que enfrentaram a distância, a floresta fechada, a falta de infraestrutura e a incerteza dos primeiros tempos para construir um novo lar. São histórias de coragem silenciosa, de sacrifícios cotidianos e de vitórias conquistadas com esforço coletivo.

Esses sertanejos, que cruzaram o país carregando esperança e determinação, representam a essência de Rondônia: um estado que nasceu da mistura de culturas, da força da migração e da capacidade de transformar desafios em oportunidades. Sua presença ajudou a moldar Ji-Paraná, que hoje celebra 48 anos de emancipação política e administrativa apoiada nos alicerces deixados por pioneiros como eles.

Pioneiros na ocupação, no comércio, na indústria e no desenvolvimento urbano, os Rios e Amorim permanecem como parte fundamental da história do município. Seu legado vive nas ruas que ajudaram a construir, nos empreendimentos que plantaram, nas amizades que cultivaram e na memória afetiva de uma cidade inteira. Um legado marcado por trabalho, coragem, fé e um profundo amor pela terra que adotaram como lar.

Fotos: Arquivo da Família

Pesquisa e texto: Natalino FS

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