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Falta de água deixa cidade em estado de calamidade pública em Rondônia 

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Um fenômeno chamado El Niño tem sido considerado como o grande vilão da falta de água no município de Espigão, bem como da seca histórica do Rio Amazonas e todos os seus afluentes. Desde 1908 a principal bacia hidrográfica da Amazônia e a maior do mundo nunca foi alvo de uma estiagem tão severa, onde é possível presenciar botos e peixes praticamente cozinhando nas águas rasas do Rio Negro.

Mas afinal de contas, quem é esse tal Niño? Seria o “menino” o real culpado pela calamidade ambiental que tomou conta da região norte do Brasil? Fato é que este fenômeno já havia sido antecipado por cientistas e climatologistas muitos meses antes, então como é que as autoridades públicas se dizem espantadas, pegas de surpresa com essa “repentina” situação?

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Pois se o próprio clima já era previsível meses antes, então medidas poderiam ter sido tomadas. Quando se trata de obter água, não há medida eficaz a curto prazo, é preciso literalmente plantar água, o que significa recuperar nascentes degradadas e proteger as margens do rio. Logo, a responsabilidade da escassez hídrica não pode ser do Niño, tampouco da falta de chuvas, mas sim das autoridades públicas de nosso município, estado e federação, uma vez que a situação era previsível e nem uma única medida foi tomada em prol da preservação de nossos mananciais.

O Rio Palmeiras é a principal fonte de abastecimento hídrico do município de Espigão d’Oeste, apesar de diversos rios cortarem o município nenhum deles está em condição sequer de balneabilidade. Apesar de o município ter uma estação de tratamento de esgoto instalada não há qualquer indício de que a mesma entrará em operação em um futuro próximo, nota-se a falta de vontade política para fazer esta medida acontecer. Medidas preventivas como essa e como a preservação dos mananciais são altamente eficazes, porém não trazem visibilidade política e tampouco votos, parece mais interessante esperar o desastre acontecer para adotar alguma medida que resolva temporariamente o problema e atribua a responsabilidade da solução ao político herói.

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Infelizmente a única medida eficaz no curto prazo para resolver o problema da falta de água do município seria liberar as represas ao longo do Palmeiras, uma vez que isto geraria um aumento imediato da vazão e volume do rio, como indica o mapa abaixo.

Imagem 1: Mapa representando os pontos de represamento do rio e as áreas degradadas.

Em um raio de 11km de distância seguindo o rio à montante (em direção às nascentes) pode-se observar um total de 27 pontos de represamento, bem como um total de 9 nascentes degradadas, isto é, fontes de água que não estão preservadas pela ação humana e portanto são incapazes de reter água das chuvas e fornecer água para o rio. A recuperação das nascentes ao longo destes 11km e também ao longo de toda a bacia hidrográfica deste rio permitiria que o uso da água fosse dividido entre agricultura e município, porém com o estado atual de degradação do rio se torna necessário fazer uma escolha, água para a cidade ou para a agricultura?

Sem dúvidas é uma escolha difícil, pois se de um lado temos moradores sem nenhum acesso a água para lavar sua casa, suas roupas e louças ou mesmo para preparar alimentos, do outro temos trabalhadores rurais que dependem da água para produzir os alimentos consumidos na cidade, sendo que abrir mão da sua represa pode significar perder completamente uma safra podendo até mesmo ir a falência.

Em depoimento um morador pioneiro de Espigão d’Oeste, o Senhor Evangelista Brumatti, desabafa: “O clima está muito quente, antigamente a seca durava 4 meses e ainda sim tínhamos água no poço, o desmatamento veio e agora o mesmo poço não aguenta 4 dias sem chuva”.

Imagem 2: Evangelista mostra seu carro cheio de recipientes para carregar água, realidade comum de muitos moradores de Espigão.

Uma série de gestores municipais e estaduais sem qualquer preocupação séria com o meio ambiente e as mudanças climáticas,  sempre jogando para o futuro a resolução de problemas que deveria ser feita de forma preventiva, pois o futuro chegou agora em Espigão e vai chegar também para outros municípios do país, zelar pela natureza é cuidar da sua própria casa. Quais medidas estão sendo adotadas pela CAERD, pela SEDAM e pela prefeitura de Espigão? Até então observa-se a divulgação de vídeos bem elaborados pelo poder público, mas a única solução proposta foi a de esperar pelas chuvas, e se as chuvas não vierem o que faremos? O que está sendo feito para impedir que o mesmo problema continue a se repetir?

 

Artigo Jornalístico

Autor: Marcos Jr. Faccin

Engenheiro ambiental

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