Adolescente presta depoimento e apresenta arma à polícia; ele assumiu que matou padrasto para defender a mãe de agressões em Mazagão, no Amapá — Foto: Polícia Civil/Divulgação
O adolescente de 17 anos, apontado como autor do disparo que matou o padrasto de 33 anos, no dia 29 de julho, se apresentou à polícia na manhã desta quinta-feira (6). Na delegacia de Mazagão, a 30 quilômetros de Macapá, em depoimento, ele disse que o padrasto ameaçou matar a mãe dele caso ela terminasse o relacionamento.
Jonatas de Jesus Oliveira tinha 33 anos e era catraieiro. Ele levou um tiro, durante uma discussão com o enteado. Só estavam os dois em uma embarcação, numa região conhecida como Furo do Maracá. Não havia testemunhas no momento do disparo.
Quando atendeu o caso, a Polícia Militar (PM) havia apurado que o adolescente matou o padrasto para defender a mãe de agressões. Essa foi a versão dada por ele à Polícia Civil. De acordo com o delegado Anderson Ramos, o adolescente também apresentou espontaneamente a arma do crime, uma espingarda calibre 20.
“Ele alegou que Jonatas maltratava muito ele, o irmão e a mãe [de 34 anos], e que ela já estava querendo se separar. Ele [o padrasto] disse que se ela se separasse dele, ia matar ela; e que se ele [adolescente] se intrometesse, ia matar ele também. O padrasto, segundo o adolescente, partiu para cima dele com uma faca; e, como ele estava com a espingarda que usam para caça, fez o disparo”, detalhou Ramos, com base no depoimento.
Delegacia de Polícia Civil em Mazagão, no Amapá — Foto: John Pacheco/G1
Desde o dia do crime, a Polícia Civil não havia conseguido chegar até a área, que fica a cerca de 3 horas de lancha da sede do município. Para recolher a espingarda, uma agente foi até a residência com auxílio da família.
A polícia investiga o ato como legítima defesa. O adolescente não foi apreendido no momento.
A espingarda será entregue para perícia da Polícia Técnico-Científica (Politec). A mãe do adolescente também deve ser ouvida. Ela nunca havia registrado boletim de ocorrência sobre violência doméstica. O catraieiro já havia sido preso em outra situação.
“O padrasto já tinha passagem pelo Iapen [Instituto de Administração Penitenciária] pelo crime de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Ele era conhecido como ‘Loucura’, já apresentava problemas lá e não era bem visto pela comunidade. Já tínhamos o abordado em outras situações na comunidade”, informou o delegado.