Paulo Roberto Campos
Dezenas de milhares de manifestantes participaram no domingo (26-3-17) na Avenida Paulista de protestos pacíficos contra a corrupção nos meios políticos e em apoio ao juiz Sérgio Moro e à operação Lava-jato.
Nem os organizadores nem a Polícia Militar de São Paulo divulgaram o número de participantes. Embora com cifras menores, manifestações análogas ocorreram em várias outras cidades.
A explicação para a afluência menor de público em relação às gigantescas manifestações anteriores foi que, desta vez, os alvos eram mais difusos e pulverizados, além do surgimento de alguns temas novos que o grande público ignora. Nas anteriores, os objetivos foram bem definidos e diretamente contra a roubalheira promovida durante o governo PT para a perpetuação de sua sigla no Poder, pelo impeachment de Dilma Rousseff e para impedir a “cubanização” ou “venezualização” do Brasil.
Assim, no recente protesto, houve manifestações pulverizadas a respeito de uma série de questões: contra a corrupção generalizada; em defesa da operação Lava-jato; pela abolição do “Estatuto do Desarmamento”; pela rejeição às leis que permitem o aborto; pelo fim do “foro privilegiado” e da impunidade ao “caixa 2”; contra a “Lei de imigração”; pelo retorno da Monarquia; pelo NÃO à anistia aos políticos corruptos; pelo NÃO à proposta de “lista fechada” de partidos nas eleições etc.
Entretanto, equivoca-se quem diagnosticar que esses fatores e o comparecimento inferior indicam um arrefecimento da reação da opinião pública em face da situação atual do País. O descontentamento é enorme, mas o que levou os brasileiros a saírem em número menor às ruas para protestar nesse último domingo foi a ausência no panorama nacional de lideranças autenticamente conservadoras capazes de fazerem frente à esquerdização do País.
Nota-se que a população começa a perceber que a causa da crise que atravessamos não é apenas de caráter político e econômico, mas de caráter moral. Em qualquer caso, nota-se também que continua firme na maior parte do público a resolução, muito difundida nas manifestações, de defender “Nossa bandeira verde e amarela, sem foice e martelo”. Cores que a maioria dos participantes usava como símbolo de uma reação antipetista.
Com propostas mais definidas, jovens do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira participaram da manifestação na Avenida Paulista, quando distribuíram ao público o comunicado abaixo.
QUERO MEU BRASIL DE VOLTA!
Dez reivindicações por uma Nação autêntica, cristã e forte
Em 2016, os brasileiros saíram às ruas bradando “nossa bandeira é verde e amarela” e “nossa bandeira jamais será vermelha”. E assim afastaram do Poder uma corrente política que visava, ora de modo claro, ora velado, nos impor o socialismo bolivariano.
Em 2017, voltamos às ruas bradando “quero meu Brasil de volta!”, não só para que os entulhos bolivarianos sejam removidos, mas sobretudo para que se assegurem à Nação direitos naturais, resultantes da própria boa ordem posta por Deus na Criação.
Direitos esses que não são uma concessão do Estado, sobre os quais ele pode legislar a seu bel-prazer, mas antes lhe incumbe respeitá-los e defendê-los.
A atuação do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira não tem qualquer intuito político-partidário. Não propomos como solução nem pessoas, nem partidos, nem panaceias políticas.
Interpretando os sentimentos mais profundos dos brasileiros, reivindicamos:
1 – Respeito à vida desde a concepção até a morte natural, e não à descriminalização do aborto.
2 – Respeito à família como foi constituída por Deus, isto é, pelo casamento de um homem e uma mulher, como está estabelecido em nossa Constituição.
3 – Respeito ao mais inalienável direito dos pais, que é a educação dos próprios filhos, e a rejeição da “Ideologia de Gênero”.
4 – Respeito à livre iniciativa, pois tendo sido o homem criado à imagem e semelhança de Deus, é livre e inteligente. A não observância desse direito inibe a capacidade criativa de um povo.
5 – Respeito ao direito à propriedade privada, garantia da liberdade, e fim das invasões rurais ou urbanas.
6 – Respeito ao direito natural de legítima defesa e abolição das restrições à posse e ao porte legal de armas, como foi manifestado por 64% dos brasileiros quando do referendo que visava nos impor o desarmamento.
7 – Levar adiante — prudente e implacavelmente — o combate à corrupção que vem saqueando a Nação nos últimos tempos.
8 – Redução do tamanho do Estado às reais necessidades da Nação e consequente redução do insuportável fardo tributário que pesa sobre os brasileiros.
9 – Radical simplificação da atual legislação trabalhista, fonte de tanta desarmonia entre patrões e empregados.
10 – Valorização das Forças Armadas e Policiais militares e civis como guardiãs da Nação. No seu prestígio e na sua eficiência repousam a paz social e a segurança interna e externa de nossa Pátria.
Que Deus inspire as nossas autoridades executivas, legislativas e judiciárias a respeitar as autênticas aspirações oriundas de nossa formação profundamente cristã, para que o Brasil retome as vias de um progresso autêntico e venha a ser aquela Nação com a qual todos nós sonhamos…
E assim, com as bênçãos de Nossa Senhora Aparecida, o Brasil volte a brilhar no concerto das Nações. “Procurai o Reino de Deus e sua justiça e o resto virá por acréscimo”, assegurou-nos o Divino Redentor.
(*) Paulo Roberto Campos é jornalista e colaborador da Abim