O Conselho de Segurança da ONU se reunirá na tarde desta terça-feira, 13, para discutir a ofensiva do regime sírio e da Rússia contra a cidade de Alepo. A comunidade internacional pressiona Moscou e Damasco para e permitir a retirada de civis presos na região. A ONU qualificou a batalha para a retomada da cidade de sangrenta, amarga e horrível e pediu que os responsáveis respondam pelo “banho de sangue”,além de denunciar a execução de ao menos 82 civis nas últimas horas.
O Exército sírio, que ontem disse ter tomado conta de 98% da cidade – a principal em controle de rebeldes que lutam contra Bashar Assad-, espera tomar os últimos redutos sob controle da oposição ainda hoje. São eles os bairros de Sukkari, Seif Al-Dawla, Amiriya And Tel Al-Zarazir. Segundo agências humanitárias como a Cruz Vermelha e a Unicef, no entanto, civis estão cercados nesses locais pelo Exército e milícias pró-Assad.
“É importante que os que orquestraram e ordenaram o ataque entenda que serão julgados por isso”, disse o representante especial da ONU para a Síria Jan Egeland.
Há relatos de execuções. Ao menos 82 civis, entre eles mulheres e crianças, foram mortos por milícias pró-Assad em quatro distritos de Alepo. Entre as vítimas deste novo massacre há 11 mulheres e 13 crianças, detalhou o porta-voz do Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Rupert Colville.
Colville acrescentou que há corpos nas ruas e que os mesmos não podem ser recolhidos por causa dos bombardeios permanentes. Entre os responsáveis por esses crimes estão integrantes do Movimento Al Nuyaba, uma milícia iraquiana que está lutando ao lado do exército sírio e de outros grupos ligados ao regime de Assad. Segundo a ONU, o padrão pode se repetir em outros redutos rebeldes e do Estado Islâmico, como Douma, Raqqa e Idlib.
Pressão. O presidente francês, François Hollande, disse após reunião com a chanceler alemã Angela Merkel, que a situação humanitária em Alepo é inaceitável. “Cerca de 120 mil pessoas estão sendo reféns e vítimas de bombas e repressão”, disse Hollande. “Tudo que pode ser feito para permitir a retirada dos civis deve ser feito. É hora de um ultimato.”
Ainda de acordo com ele, sem o auxílio russo, os sírios não poderiam ter feito uma ofensiva desse tamanho. “Os russos serão responsabilizados se não permitirem acesso à ajuda humanitária”, afirmou.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, rejeitou a proposta dos Estados Unidos de declarar uma pausa nas hostilidades para criar corredores de saída para os civis da parte oriental de Aleppo, no norte da Síria.
“Já aprendemos que isso significaria que os extremistas obteriam novamente uma oportunidade de descanso”, disse Lavrov à imprensa em Belgrado. “Espero que deixem de proteger os militantes, que os Estados Unidos, como um Estado sério, aproveitarão sua influência sobre eles (…) e que finalmente possamos solucionar o problema de forma honrada, e antes de tudo cuidando dos civis.”
Ganhos. A recaptura de toda a área rebelde de Aleppo constitui a maior vitória em campo de batalha até o momento para o presidente sírio, Bashar Assad, e sua coalizão militar de tropas sírias, Força Aérea russa, Irã e milícias xiitas.
A derrota deixa os rebeldes sem presença significativa em quaisquer das principais cidades da Síria. Eles ainda mantém parte de áreas no campo de Aleppo e a província de Idlib.
Após dias de intensos bombardeios em áreas tomadas por rebeldes, a taxa de ataques aéreos e bombardeios caiu consideravelmente na noite de segunda-feira, disse um repórter da Reuters na cidade.
No entanto, uso de foguetes continuou em áreas tomadas por rebeldes, relatou o Observatório Sírio para Direitos Humanos. Rebeldes e forças do governo ainda lutam em pontos ao redor do enclave reduzido, relatou o grupo monitor.