A comunidade indígena Stupypari, localizada na terra indígena do Rio, enfrenta uma realidade educacional desafiadora, que contrasta com os avanços tecnológicos e investimentos promovidos pelo Governo de Rondônia em outras áreas. A Escola Indígena Estadual Kwihupyhuam, que atende alunos do 1° ao 5° ano do ensino fundamental, está instalada em condições precárias desde 2013, quando a comunidade iniciou suas reivindicações por uma escola digna. No entanto, foi apenas em 2022 que a situação começou a ser atendida, mas de forma insuficiente e provisória.
As aulas, que deveriam ser realizadas em um ambiente adequado para o desenvolvimento pedagógico das crianças, estão sendo ministradas em uma varanda cedida pelo cacique da aldeia. Durante o período de chuvas, a sala improvisada se transforma em um espaço insalubre, onde a água alaga o local, e os animais buscam abrigo nas instalações, agravando ainda mais as condições de ensino.
“Não temos cozinha, não temos recursos adequados para as aulas, e o espaço é completamente inadequado para o desenvolvimento das crianças. A chuva destrói tudo o que temos: cartazes, quadros, materiais pedagógicos que a Seduc nos fornece. Estamos sobrevivendo com a força da nossa resistência, porque acreditamos que a educação é vital para manter vivas nossas memórias e nossa cultura”, explica um dos educadores da escola, que preferiu não se identificar.
A língua Sakurabiar, falada por menos de dez pessoas na comunidade, também corre o risco de extinção, e a escola desempenha um papel fundamental na preservação dessa cultura ancestral. No entanto, sem um espaço adequado e com a falta de apoio do Estado e do Município, os desafios se intensificam.
Essa realidade é um contraste com o avanço educacional que o Governo de Rondônia tem promovido em outras áreas. Sob a liderança da secretária Ana Lucia Pacini, a gestão estadual investiu na valorização pedagógica e salarial dos servidores, além de implementar inovações tecnológicas e formação continuada para os professores. Porém, as comunidades indígenas, como a de Stupypari, ainda enfrentam a escassez de recursos e infraestrutura, o que impede o cumprimento pleno do direito constitucional à educação de qualidade.
Diante da situação, a comunidade indígena de Stupypari, com o apoio de diversas entidades, tem feito um apelo às autoridades competentes, solicitando que providências sejam tomadas para garantir a melhoria das condições de ensino e o fortalecimento da cultura e língua Sakurabiar. A denúncia, recebida pelo site Alerta Rondônia, será encaminhada à Ministra dos Povos Indígenas para que medidas urgentes sejam adotadas, a fim de assegurar que os direitos dos povos indígenas à educação e ao acesso a um ambiente escolar digno sejam respeitados.
Com um olhar atento para o futuro das novas gerações, a comunidade luta não apenas por uma escola, mas por um espaço onde suas tradições, língua e cultura sejam preservadas e valorizadas, em consonância com os princípios constitucionais de igualdade e respeito.
Por Almi Coelho/Alerta Rondônia