Por Auber Issachar
Se compararmos a diretoria de uma empresa à Fórmula 1, diríamos que o piloto é o CEO e o diretor financeiro, o chefe dos mecânicos. Aquele que comanda a equipe, assegura a integridade dos sistemas dos carros, organiza reparos no pit-stop e toma precauções para que não existam problemas técnicos. Isso tudo, num passado recente. Hoje, o diretor financeiro está assumindo mais do que nunca o papel de co-piloto e navegador, estando muito mais próximo da ação do que antes.
Além das funções tradicionais – entre elas análises de performance, controle de custos, administração de riscos e manutenção de liquidez, os CEOs querem visões mais abrangentes e pensamentos estratégicos de seus diretores financeiros. Afinal, novas tecnologias financeiras estão transformando tudo, desde a maneira com a qual nós pensamos como consumidores até como pagamos por produtos, administramos e armazenamos nossos dados.
Esses profissionais estão assumindo o papel de catalisadores de inovações. Eles demonstram maior envolvimento com suporte, com desenvolvimento de estratégias, seguram as chaves da inteligência do negócio e produzem ideias em tempo real, capazes de incrementar o processo de tomada de decisões. Desenvolvem KPIs, compreendem tendências de performance e ainda desenvolvem e implementam estratégias para melhorá-las.
Eles sabem administrar o status quo ao mesmo tempo em que puxam a organização para frente, reportando informações entre as unidades e adotando um papel mais abrangente, como conselheiro. Quando diretores financeiros exercem seus potenciais por completo, novas oportunidades surgem, como melhoria nas operações internas e iniciativas de identificação de cortes de custos, assegurando que a criatividade se transforme em lucros e que as boas ideias sejam comercializadas de maneira bem sucedida.
Isso fica evidente em uma pesquisa da Adaptive Insights, uma multinacional desenvolvedora de software, com mais de 250 diretores financeiros nos EUA. Segundo o estudo, 70% desses profissionais estão expandindo os papéis dos seus times, transformando-os de deficitários em executivos capazes de tomarem diretrizes estratégicas dentro de seus negócios. O mercado confirma essa tendência. Em 2015, o Google contratou Ruth Porat, ex-diretora do banco Morgan Stanley e cotada para posições na Secretária do Tesouro dos EUA durante a administração Obama. Trata-se claramente de uma pessoa que incorpora fortes traços de liderança.
Certamente, executivos como ela estão classificados na categoria de “diretores financeiros do amanhã”. Eles potencializarão tecnologias e utilizarão seus conhecimentos profundos de negócios para liderarem mudanças. Conduzirão soluções de iniciativa tecnológica em apoio ao seu negócio, e combinarão finanças com TI, área social, móbil e analítica. Esse é o tipo de diretor financeiro capaz de permitir soluções criativas para fortalecer seus empregados e gerar evolução nos negócios. Só assim esses profissionais não continuarão perdidos nos números, obstáculos burocráticos e distraídos pelas exigências diárias de requerimentos de diferentes conformidades, impostos e relatórios financeiros.
Para empresas de tecnologia, esse requerimento é sentido de maneira ainda mais forte. Esses negócios estão sempre lidando simultaneamente com captação de fundos, contratação, desenvolvimento de produto e adoção de mercado, e pedem líderes na área financeira que possam ajudá-los a lidar com mudanças rápidas. Dentro de uma empresa assim, com crescimento exponencial, o “diretor financeiro do amanhã”, deve entender como construir sistemas e processos escaláveis, adotar negócios analíticos e de modelagem sofisticada de previsão para determinar o caminho que uma empresa deve tomar para vencer a concorrência – sempre tendo de escolher um único caminho em vez de ter o luxo de experimentar vários.
Empresas promissoras e de crescimento rápido precisam de um diretor financeiro dinâmico para trabalhar com a diretoria e time executivo, a fim de determinar como alocar estrategicamente o capital no negócio. Dando aos acionistas uma visão holística da organização, o diretor financeiro se torna um facilitador para que possa acontecer uma trajetória de crescimento rápido. Sem todas as características mencionadas, dificilmente ele conseguirá atender as demandas do futuro.
Auber Issachar é CFO da Omiexperience.
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Welton Ramos