O ex-senador de Rondônia, Ernandes Amorim orientou garimpeiros de diversos estados, em um grupo de Whatsapp, sobre fiscalizações do IBAMA e pede que eles deem ‘uma pausa’ nas atividades, “Uma semana, três dias, não vai matar ninguém; pior é o prejuízo de perder tudo.”
As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de São Paulo, que teve acesso a 42 arquivos de áudio, com duração total de aproximadamente duas horas, trocados entre os dias 19 de setembro e 6 de outubro em um grupo de WhatsApp intitulado “Garimpo a luta continua“. A foto do grupo traz a frase “garimpeiro não é bandido, é trabalhador”.
“Até o dia 2, como diz bem aí o Vilela, vamos esperar”, diz Amorim em outro áudio. No dia 2 de outubro, os garimpeiros teriam uma reunião com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Segundo pessoas ligadas ao governo, a agenda foi remarcada para esta terça-feira (8). “Vocês estão vendo a merda como tá, querem trabalhar num período desse? Aí acontece o quê? Pessoas nossas aí ficam pagando pra ver, foram duas pro pau [foram presas]. Você entendeu? Então vocês tenham atenção”, diz Amorim.
O alerta se refere ao contexto de reforço da fiscalização ambiental por parte do governo federal no mês de setembro, em uma resposta à crise das queimadas na Amazônia, que resultou no acionamento do Grupo Especializado de Fiscalização (GEF) do Ibama.
Considerado a “tropa de elite” da fiscalização ambiental, o grupo estava praticamente inativo ao longo deste ano. “Oi, amigo, só pra te informar, tínhamos duas PCs lá, fizeram o mesmo exercício, só foi terminar no outro dia. Pessoal chegou lá, queimou as PCs […] chegou, encostou as camionetes juntas e tacou fogo. Motor, planta, rancho, alojamento […] esse pessoal não tem pena de ninguém não”, conta em um áudio enviado no fim de setembro.
Desde 2008, um decreto autoriza os agentes de fiscalização a destruírem equipamentos utilizados em atividades ilegais. Amorim admite, em outro áudio, que a medida é eficaz para combater o garimpo ilegal. “Essa queimação de máquina aí, isso surte efeito. Acovarda o pessoal. Desarma o pessoal. Desmotiva o pessoal. Só essa ousadia que deram a esses ambientalistas para estarem queimando bens”, segue Amorim. “Você não vê o Exército botando fogo em máquina, você não vê o Exército se prestando a esse serviço”, ele acrescenta.
Por repetidas vezes, Amorim destaca sua experiência na articulação política em Brasília e feitos de seus mandatos parlamentares, quando buscou autorizar a atividade garimpeira em Serra Pelada (PA).