Mesmo internado desde o dia 11 de abril, ex-presidente participou de transmissões ao vivo, o que levou o STF a autorizar intimação no hospital
Uma oficial de Justiça entrou nesta quarta-feira (23) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital DF Star, em Brasília, para intimar pessoalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A intimação marca o início oficial do processo penal contra Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
De acordo com nota divulgada pelo STF, o tribunal aguardava uma data adequada para realizar a intimação pessoal, devido ao estado de saúde do ex-presidente, internado desde o dia 11 de abril. Bolsonaro passou por uma cirurgia abdominal de 12 horas para tratar complicações decorrentes da facada que sofreu durante a campanha eleitoral de 2018.
No entanto, a Corte considerou que o ex-presidente demonstrou estar em condições de ser intimado ao participar de atividades públicas. Na segunda-feira (21), Bolsonaro concedeu uma entrevista por vídeo ao programa SBT Brasil diretamente do leito hospitalar. Já na terça-feira (22), participou de uma live transmitida por seus filhos – os parlamentares Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro – na qual também apareceu o ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet.
Durante a transmissão, o grupo promoveu a venda de capacetes de grafeno, ligados a uma marca da qual Jair e Flávio Bolsonaro são sócios. A live também serviu como palco para críticas ao ministro Alexandre de Moraes e ao que os bolsonaristas chamaram de “perseguição política”.
Com base nesses eventos, o Supremo concluiu que havia possibilidade concreta de o ex-presidente receber a citação e a intimação. “A divulgação de live realizada pelo ex-presidente na data de ontem (22/4) demonstrou a possibilidade de ser citado e intimado hoje (23/4)”, informou o STF em nota oficial.
O processo que se inicia trata de acusações ligadas a uma suposta articulação de Bolsonaro com aliados civis e militares para deslegitimar o resultado das eleições de 2022, vencidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A investigação também apura possíveis incentivos a atos antidemocráticos e ataques às instituições.
Até o momento, a defesa do ex-presidente não se pronunciou oficialmente sobre a intimação na UTI. Bolsonaro segue internado no DF Star, e ainda não há previsão oficial para sua alta hospitalar.