segunda-feira, outubro 7, 2024
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QUEIMADAS SETEMBRO 2024

SETE PLANETAZINHOS ACONCHEGANTES

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A revista “Nature”, conhecida por sua alta credibilidade, revelou uma magnífica descoberta dos cientistas: sete pequenos planetas, em torno de uma estrela pequena, tudo minúsculo em cotejo com a terra. Períodos orbitais de dias, não de danos, nesse reino liliputiano. O jornal O Estado de S. Paulo deu destaque especial ao fato nesta quinta-feira. Talvez estejamos a nos aproximar mais de nossos sonhos. 

O gigantismo pode impressionar as vistas, mas o micro é preferível. Nada de enormes desertos, oceanos que por vezes se revoltam e causam tsunamis, homens que desenvolvem culturas diferentes, estranham-se e matam-se, tudo isso pode não ocorrer numa vida encerrada num pequeno círculo, tanto mais valioso quanto menor. 

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Guerras mundiais seriam impossíveis ou “fatais”. As falas dos habitantes mais amenas, correspondentes ao espaço que possuem. O tempo é outro. Talvez não haja estações naturais, mas a existência sob condições ideais não precisam ser alteradas. Claro que temos outros costumes e estranhamos. 

Mais. Nossos vizinhos. Não queiramos passar fins de semana neles. É hora de meditar sobre nós, o homem, o cosmo, e, sobretudo, sobre os outros. Quanto mais amplo o espaço em que devemos atuar, mais difícil a compreensão. Quanto mais o tempo flui, menos entendemos esse monarca do universo, amigo e inimigo, conforme circunstâncias nossas. 

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Além deles, haverá outros, nessa imensidão universal. O importante é nos preparamos para a convivência. Tenho pena dos beligerantes de carteirinhas que consideram todos os alienígenas nossos inimigos, manuseando conceitos deploráveis de nossa civilização terráquea. Basta não querermos ser os reis da cocada preta e estabelecer as bases de um diálogo criativo. Linguagem? 

Também não a tínhamos. Creio que começaremos por contatos musicais e por explorações poéticas, pelo menos de nossa parte. Símbolos e manifestações corporais formam consciências e espíritos comuns, que se agregam ao longo de milhões ou bilhões de anos, tempo que devemos considerar nessas análises cósmicas. 

Os cientistas e seus mantenedores sabem com certeza da existência de irmãos do espaço sideral. O motivo dos segredos talvez sejam os próprios homens, considerados ainda despreparados para manter contatos de primeiro e de outros graus, já que nossa filosofia é patrimonialista, da propriedade e da posse, não da vida interconectada sem esses limites de um universo primitivo. 

Esqueçamos nossas bandeiras nacionais, expressões de nossas propriedades. Nossa intimidade, corpo e elétrons juntos, vale muito mais que tais manifestações. Nossos corpos não devem ser estendidos para coisas materiais que os ampliam num sistema solar que permitiu à Terra chafurdar-se em dois conflitos mundiais, enriquecer urânio, tirar óleo das entranhas do planeta e esboçar um estilo de vida massacrante e embrutecedor; que o digam os viciados em psicotrópicos e que só conseguem suportar-se com o auxílio de venenos. 

Nesses planetazinhos, se ainda estiverem nas calendas gregas, poderemos contribuir para corrigir nossas filosofias, usar da experiência dolorosa para viver em paz e conforto espiritual como se vive, ainda, em pequenos e adoráveis povoados terrestres. E desenvolver civilizações menores – mais inteligentes e realizadas nesse novo sistema solar – nos astros a que logo daremos nomes – nós, pretensos senhores plenipotenciários do universo. 

Amadeu Roberto Garrido de Paula, é Advogado e membro da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas.  

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