Por André Ferretti*
Eventos climáticos extremos, como secas e chuvas fortes, têm se tornado cada vez mais frequentes no Brasil. E junto com eles, prejuízos diretos a diversos segmentos sociais e econômicos, aos quais estão ligados, direta ou indiretamente, os mais de 200 milhões de brasileiros, como a agropecuária, que depende de fenômenos climáticos em certa intensidade e em determinados períodos para garantir sua produtividade.
O novo relatório do Banco Mundial “Unbreakable: Building the Resilience of the Poor in the Face of Natural Disasters” (Persistência: construindo a resiliência dos mais pobres frente a desastres naturais – em tradução livre) traz dados sobre a perspectiva socioeconômica do impacto de tais fenômenos. Segundo o documento, intervenções para tornar as sociedades mais resilientes a eventos climáticos resultariam em uma economia de 100 bilhões de dólares por ano a países e comunidades. O relatório foi lançado, oportunamente, durante a 22ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP22, no Marrocos, em novembro passado.
Já o estudo “Valorando tempestades”, realizado pelo Grupo de Economia do Meio Ambiente da Universidade Federal do Rio Janeiro, aponta que entre 2002 e 2012 a perda do Brasil só com desastres climáticos extremos relacionados a chuvas foi, em média, de R$ 278 bilhões.
É evidente a relação entre o aumento da intensidade e periodicidade de eventos extremos e o aumento da temperatura média do nosso planeta. O ano de 2015 foi o mais quente desde que começaram os registros de temperatura, no fim do século 19, e este ano caminha para superar esta marca. O desequilíbrio do clima tornou-se realidade e engana-se quem acredita que os impactados serão apenas ursos polares ilhados em blocos de gelo. O impacto já está acontecendo aqui e agora.
As próximas duas décadas serão decisivas para o futuro climático do planeta, exigindo grandes transformações. Sairemos de uma sociedade alicerçada na energia fóssil e nos motores a combustão para algo muito diferente e que mudará o nosso modo de vida e das futuras gerações. Deixar de utilizar materiais fósseis significa o desaparecimento de produtos derivados de petróleo e seus subprodutos como asfalto, gasolina, plástico, isopor e muitos outros.
Como suas opções de consumo hoje estão contribuindo para criar uma sociedade de baixo carbono, que polua menos e emita menos gases causadores da mudança climática? Quais oportunidades de novos negócios surgirão a partir dessas mudanças na forma como consumimos? Novas ideias que caminhem nessa direção serão líderes de mercado em um futuro muito próximo. É hora de sair na frente e mudar para melhor.
*André Ferretti é gerente de Estratégias de Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, coordenador geral do Observatório do Clima (OC) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.
Créditos: Gisele Koprowski