Nesta quinta-feira (3/4), a Polícia Federal deflagrou a Operação Igarapé Lage, com o objetivo de desarticular um grupo criminoso envolvido em grilagem de terras e crimes ambientais na Terra Indígena (TI) Igarapé Lage, localizada na região oeste de Rondônia, nos municípios de Guajará-Mirim e Nova Mamoré.
A operação, que contou com a participação de 20 agentes da PF, resultou no cumprimento de 5 mandados de busca e apreensão nas cidades de Porto Velho, Guajará-Mirim e Nova Mamoré, todos expedidos pela 7ª Vara Federal da Seção Judiciária de Rondônia. Os envolvidos são suspeitos de dividir ilegalmente uma vasta área, com cerca de 20 km de extensão, em 100 lotes, comercializando-os de forma criminosa, em uma tentativa de se apropriar de terras indígenas, que são de propriedade da União e de usufruto exclusivo dos povos indígenas.
A grilagem teve início no final de 2022, e, desde então, mais de 800 hectares de terra foram desmatados, um equivalente a aproximadamente 1.120 campos de futebol. A área invadida está localizada dentro da Terra Indígena Igarapé Lage, demarcada em 1981 e que atualmente abriga cerca de 1.000 habitantes em suas 6 aldeias. Além do desmatamento ilegal, as autoridades registraram diversas queimadas ilegais, especialmente nos meses de agosto e setembro de 2024.
A operação também investiga um caso de violência grave ocorrido em agosto de 2024. Na ocasião, oito indivíduos armados e encapuzados invadiram a residência de uma família indígena de 15 pessoas, incluindo crianças e idosos. Os criminosos expulsaram a família de sua casa, incendiando-a em seguida e disparando armas de fogo como forma de intimidação.
Simultaneamente ao cumprimento dos mandados de busca e apreensão, a Polícia Federal, junto com agentes da FUNAI e do IBAMA, realizou a desintrusão na área invadida, expulsando os ocupantes ilegais e destruindo várias estruturas clandestinas, como pontes e construções não autorizadas. Algumas dessas pontes chegavam a mais de 200 metros de extensão.
Ao longo de 2024, a PF já havia realizado mais de oito operações de desintrusão na TI Igarapé Lage, com a participação de centenas de agentes de diversas instituições, incluindo o Exército Brasileiro, a Polícia Militar e a Força Nacional. Essas ações resultaram na prisão de diversos criminosos, expulsão de invasores e na destruição de mais de 1.000 metros quadrados de estruturas ilegais, especialmente pontes, habitações, abrigos e cercas.
Os suspeitos envolvidos na grilagem de terras e nos crimes ambientais poderão ser processados por vários crimes, incluindo invasão de terras públicas, desmatamento clandestino, associação criminosa, dano qualificado, incêndio em casa habitada e atentado contra a integridade física de indígenas. As penas para essas infrações podem chegar a 23 anos de prisão.
Essa operação é um marco na luta contra a grilagem de terras e a proteção das Terras Indígenas, que continuam a ser alvo de crimes e agressões por parte de criminosos que visam lucrar à custa do meio ambiente e dos povos originários.
Comunicação Social da Polícia Federal de Rondônia